Jovem promessa de 18 anos passou por todas as categorias de base do Timão e, agora, fica bem próximo da classificação para os Jogos Olímpicos Rio 2016
Data: 18/12/2015 - Por: Fabrício Marques e Lydia GismondiDireto de Palhoça, SC
Sorridente, Brandonn Almeida dava entrevistas feliz da vida logo após deixar a piscina da Unisul, em Palhoça-SC, enquanto o treinador, debruçado no parapeito da arquibancada, chorava copiosamente ao ver de longe a cena que tanto idealizara. Os 4m14s07 registrados no placar da final dos 400m medley do Torneio Brasileiro Open 2015, nesta quinta-feira, significava muito mais do que o topo do pódio do jovem nadador de 18 anos. O tempo, novo recorde mundial júnior e abaixo do índice para os Jogos Olímpicos do Rio 2016, era a certeza do sucesso de uma aposta feita pelo Corinthians lá atrás, quando o menino tinha apenas 7 anos e já dizia aos quatro cantos que um dia chegaria às Olimpíadas.
- Essa conquista é de todos os dias, de todos os treinos. O índice foi alcançado não simplesmente pelo feito, pelo tempo conquistado, mas pelo merecimento de todos os dias de trabalho. Esse menino trabalha muito duro. Ele não sonha de olhos fechados, ele sonha todos os dias de olhos abertos. Ele sonha fazendo por merecer, a cada treino, a cada dia. Hoje foi só uma recompensa do que ele faz todos os dias no treino. Ele está aprendendo a nadar essa prova em nível mundial, está ficando mais frio. E pode ter certeza que isso é só uma prévia do que vai acontecer no ano que vem – disse, emocionado, o técnico Carlos Matheus, o Carlão.
Desde as primeiras braçadas nas categorias de base do Corinthians, Brandonn chamou atenção. Carlão efetivamente colocou a “mão na massa” há três anos, mas sempre acompanhou a evolução do menino dentro do clube já prevendo que a pérola provavelmente chegaria em suas mãos mais à frente. Além do talento, o jeito decidido de Brandonn nunca passou despercebido.
- É um garoto que sempre teve na cabeça desde pequeno que ele ia estar e uma Olimpíada. O que muitos falam, mas a gente tem que fazer todos os dias por merecer. Esse garoto hoje é uma realidade, conquistou o índice e agora o próximo objetivo é disputar as Olimpíadas e, se Deus quiser, focar uma final olímpica.
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“Criador e criatura” deram um longo e emocionado abraço depois da prova. Brandonn escutou atento – e um pouco sem graça - todos os elogios, mas não ameaçou repetir o choro do emotivo treinador.
- Ele é meio emotivo mesmo, mas é porque ele sabe o quanto eu treinei, o quanto eu sonhei em fazer isso. Desde pequeno, ele sempre falava comigo. Ele sabia o quanto eu queria esse tempo – contou o nadador que, para confirmar a vaga para as Olimpíadas do Rio, precisa permanecer entre os dois melhores tempos da prova após a segunda seletiva, o Troféu Maria Lenk, em abril. Por enquanto, ele é o único com índice nos 400m medley.
A personalidade do menino de 18 anos também foi ressaltada por Carlão. Para o treinador, a construção de um campeão vai bem além dos atributos técnicos.
- O mais importante do Brandonn é que ele nunca muda o seu jeito de ser. Essa simplicidade dele, esse jeito de ser antes, depois da prova, antes de ser recordista mundial jÚnior, depois do índice olímpico... É bom caráter. Ele nos mostra isso todos os dias. Isso é o mais importante. É isso o que move a gente. Não é só o índice olímpico. É a forma como ele vem e com que vem.