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A estratégia política da taxação do aço e alumínio: impactos econômicos e contradições nas relações com o Brasil

A decisão, justificada como uma forma de proteger a indústria americana, traz impactos econômicos significativos para o Brasil

Data: 12/02/2025 - Por: Da Redação


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Nesta segunda-feira, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou a reimposição de tarifas de 25% sobre a importação de aço e alumínio, uma medida semelhante àquela adotada durante seu primeiro mandato (2017-2021). A decisão, justificada como uma forma de proteger a indústria americana, traz impactos econômicos significativos para o Brasil, que é um dos principais fornecedores desses materiais aos EUA. Além dos efeitos comerciais, a medida também expõe contradições na postura da direita brasileira, que, apesar das barreiras comerciais impostas por Trump, frequentemente considera os Estados Unidos um aliado natural.

Em 2024, o Brasil exportou cerca de 4,08 milhões de toneladas de aço para os EUA, o que representou 15,5% das importações norte-americanas, resultando em cerca de US$ 3 bilhões em receitas. No setor de alumínio, o Brasil enviou 72.451 toneladas, representando 25% do total exportado pelo país, movimentando quase R$ 4,5 bilhões. Esses números mostram o impacto direto da nova taxação nas exportações brasileiras, especialmente em regiões do Sudeste e Sul, como Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, que concentram a maior produção siderúrgica e de alumínio.

Além da justificação econômica, essa reimposição de tarifas reflete uma estratégia política de Trump. Para Steve Bannon, ex-estrategista de Trump, ações como essa têm o objetivo de testar os limites do governo e desgastar a oposição democrata, ao mesmo tempo em que reforçam a retórica nacionalista de “América Primeiro”, fortalecendo a base eleitoral do presidente em estados industriais fundamentais para sua vitória anterior.

Essa política, no entanto, coloca o Brasil em uma posição desconfortável. Apesar da constante defesa de Trump como aliado, a realidade é que suas políticas econômicas prejudicam o Brasil. Desde seu primeiro mandato, Trump adotou barreiras contra produtos brasileiros, como aço, alumínio e etanol, e endureceu as restrições para a entrada de brasileiros nos EUA. Sua abordagem nacionalista revela que, para ele, o Brasil é mais um competidor do que um parceiro.

Esse cenário levanta uma importante questão para a direita brasileira: até que ponto é vantajoso manter uma aliança com um país que impõe barreiras comerciais repetidamente? A defesa irrestrita dessa parceria, que resulta em prejuízos econômicos e diplomáticos para o Brasil, exige uma reflexão mais aprofundada sobre os verdadeiros interesses dos Estados Unidos e o papel do Brasil no cenário global.

A nova taxação não é apenas uma decisão econômica, mas uma estratégia política de Trump para consolidar sua posição interna. Enquanto os EUA buscam proteger sua indústria, o Brasil sofre com os impactos diretos, especialmente em suas regiões mais industrializadas. A medida também expõe as contradições nas relações Brasil-EUA e deveria incentivar uma análise mais crítica sobre os benefícios dessa aliança para o Brasil.

 

Luiz Hugo Queiroz é jornalista especializado em Marketing Político










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