Neste sábado, 25 de maio, celebramos o 'Dia Nacional da Adoção', uma data especial para destacar e promover a importância da adoção como um ato de amor, transformação e esperança. Esta data não apenas comemora a formação de novas famílias, mas também enfatiza a necessidade de conscientização e apoio aos processos de adoção.
Posso falar sobre esse tema com propriedade. No meu caso, ser adotada foi uma experiência extraordinária. Minha mãe biológica não pôde ficar comigo, mas permitiu que eu fosse acolhida por minha mãe adotiva, que me recebeu com muito amor. Sua dedicação e carinho foram fundamentais para o meu desenvolvimento. Ela foi uma verdadeira inspiração e um exemplo de como o amor pode transformar vidas.
Minha mãe, a saudosa Euridice Gomes, que infelizmente já não está mais entre nós, perdeu sete filhos antes de me adotar. Após tantas perdas, ela me acolheu e se tornou um verdadeiro instrumento de Deus em minha vida. Através dela, compreendi o verdadeiro significado de ser amada e cuidada. Sua presença foi crucial para a pessoa que sou hoje, e sou eternamente grata por tudo que ela fez por mim.
Também tive a oportunidade de vivenciar esse amor incondicional ao adotar nossa filha caçula, Maria Luiza, um verdadeiro presente de Deus. Adotar é um ato de amor, entrega e acolhimento, onde um filho é gerado no coração. Esse vínculo, fundamentado na gratidão e reciprocidade, é algo extraordinário.
No Brasil, o processo de adoção envolve várias etapas e o número de adoções nos últimos anos é significativo. De acordo com os dados do Sistema Nacional de Adoção e Acolhimento (SNA), atualmente há 30 mil crianças e adolescentes em situação de acolhimento, e cerca de cinco mil estão aptos a serem adotados.
Os dados indicam que há cerca de 36.706 pretendentes cadastrados, e mais de 40% deles estão dispostos a adotar crianças com algum tipo de doença ou necessidade especial. Isso demonstra uma crescente aceitação e abertura para a adoção de crianças e adolescentes que tradicionalmente enfrentam mais dificuldades para serem adotados. Vale destacar que o processo de adoção no Brasil passou por diversas melhorias nos últimos anos, incluindo a implementação do SNA. Além disso, a legislação tem incentivado a adoção tardia e aprimorado os mecanismos de acompanhamento pós-adoção para garantir o bem-estar das crianças.
Em Mato Grosso, a Associação Mato-grossense de Pesquisa e Apoio à Adoção (AMPARA), da qual tenho muito orgulho de ser madrinha, mantém um projeto de busca ativa em parceria com o Tribunal de Justiça de MT, facilitando o processo de adoção no estado. Atualmente, existem 60 crianças e adolescentes disponíveis para adoção. Deste total, 25 estão vinculados a pretendentes e 35 ainda aguardam uma família adotiva. Em comparação, há 627 pretendentes cadastrados, um número significativo de pessoas interessadas em adotar.
A adoção oferece uma nova chance e uma nova história para crianças que, por diversas razões, não puderam permanecer com suas famílias biológicas. É uma troca mútua de amor e aprendizado, onde pais e filhos crescem e se transformam juntos. É importante ressaltar que a adoção não deve ser vista como uma solução de conveniência ou uma simples realização pessoal. A adoção exige consciência e responsabilidade.
A adoção é, sem dúvida, um ato de coragem e altruísmo. Deus nos dá essa oportunidade colocando uma criança adotiva como um presente em nossas vidas. Neste Dia Nacional da Adoção, celebramos todas as histórias de amor e resiliência que nascem desse gesto sublime. Agradecemos a todas as famílias adotivas, que com tanto amor e dedicação, oferecem uma nova vida a tantas crianças. E que possamos continuar promovendo a adoção como uma forma legítima e extraordinária de construir famílias.
Virginia Mendes é economista, empresária, primeira-dama de MT e voluntária nas ações de Governo.