As primeiras-damas que marcaram o período de 1982 a 2010, esposas dos ex-governadores, assumiram papéis importantes nos governos do estado, seguindo a tradição política voltada para a área de assistência social. Isabel Campos, Teté Bezerra, Lucimar Sacre de Campos, Telma de Oliveira, Terezinha Maggi e Roseli Barbosa, respectivamente, desempenharam funções que envolviam a promoção social de Mato Grosso, ligando-se a entidades filantrópicas paraestatais como a Fundação de Promoção Social de Mato Grosso (PROSOL), a LBA (Legião Brasileira de Assistência) e a Liga de Amigas das Primeiras-damas.
Em 2003, sob a gestão de Terezinha Maggi, essas entidades foram transformadas na Secretaria de Trabalho, Emprego e Assistência Social, ganhando relevância política. Três das sete primeiras-damas desse período seguiram carreiras políticas independentes após seus respectivos mandatos, com Teté Bezerra tornando-se deputada estadual, Lucimar S. Campos assumindo a prefeitura de Várzea Grande e Telma de Oliveira desempenhando os cargos de deputada federal e prefeita de Chapada dos Guimarães.
No entanto, as esposas dos dois últimos governadores, Samira Martins e Virgínia Mendes, optaram por não assumir a Secretaria de Estado de Assistência Social. Virgínia escolheu criar a Unidade de Ações Sociais e Atenção à Família (Unaf), onde atua voluntariamente, destacando-se também por seu envolvimento ativo na prefeitura de Cuiabá.
A presença marcante de Virgínia Mendes nas esferas políticas de Mato Grosso, desde a entrada de Mauro Mendes na política em 2008, desafia os padrões machistas, sendo sempre vista em importantes decisões políticas ao lado de Mauro Mendes. Sua participação ativa nas tomadas de decisão e o apoio declarado de Mauro Mendes à influência de sua esposa destacam a parceria do casal, fortalecendo a imagem de Mauro como político que valoriza a família.
Virgínia enfrentou os desafios do universo político machista, sendo elogiada por suas ações sociais, mas também enfrentando críticas e ignorância ao assumir espaços de poder. Sua presença nas rodas de homens poderosos não foi meramente figurativa, mas sim ativa, opinando, analisando e exigindo lealdade nos acordos políticos.
Além de seu papel na política, Virgínia Mendes se destacou na área social, visitando locais menos privilegiados, como lixões, aldeias indígenas e quilombolas. Ela optou por estar na ponta, junto às pessoas mais humildes, estendendo a mão para ajudar por meio de seu empenho pessoal e de políticas públicas.
Sob a influência de Virgínia, a área social do governo teve o maior orçamento de sua história nos últimos anos. Seu programa social "Ser Família" tornou-se um dos maiores investimentos per capita de transferências de renda do Brasil, depois do Bolsa Família. Além disso, ela atuou na implementação do plantão de atendimento 24 horas para vítimas de violência doméstica e idealizou o projeto "Ser Família Mulher".
Recentemente, Virgínia Mendes contribuiu para a criação de órgãos importantes no combate à violência doméstica, como a Superintendência de Políticas Públicas para as Mulheres na Secretaria de Assistência Social e Cidadania SETASC e a Coordenadoria de Enfrentamento à Violência Contra a Mulher e Vulneráveis na Polícia Judiciária Civil (PJC-SESP).
Em seu envolvimento político e social, Virgínia Mendes transcende seu papel como esposa do governador, tornando-se uma líder política respeitada no Estado, cuja trajetória pessoal de superação, propósito de ajudar os menos favorecidos e ações concretas na área social têm impacto significativo na sociedade mato-grossense.
Suelme Fernandes é analista político e historiador