O sagrado Kuarup, uma das mais antigas e emblemáticas tradições dos povos indígenas do Parque Nacional do Xingu, está sendo realizado em cinco territórios delimitados nos municípios de Gaúcha do Norte e Querência, com recursos da Secretaria de Estado de Cultura, Esporte e Lazer (Secel-MT). Esta cerimônia ritualística e sagrada, que acontece ao longo de agosto e setembro, presta homenagem aos entes queridos perdidos e marca o fim do período de luto das diferentes etnias.
O secretário adjunto de Cultura, Jan Moura, ressaltou: "O Kuarup é agora uma das maiores expressões das populações indígenas do Brasil, e é realizado no Xingu, um território em Mato Grosso. Para o Governo do Estado, garantir a preservação e a perpetuação dessa importante prática cultural é cumprir nossa missão, pois estamos fortalecendo nossa cultura, nossas tradições e nossas identidades."
Ao longo deste mês, as cerimônias ocorrerão todos os fins de semana em aldeias localizadas em Gaúcha do Norte e Querência. Neste sábado (12.08) e domingo (13.08), a celebração acontecerá na Aldeia Ipatse Kuikuro, e nos próximos fins de semana, nas aldeias Nafukua, Kamayura e Yawalapiti. No último final de semana, o ritual teve lugar na Aldeia Aweti.
Vale destacar que a cerimônia é restrita às populações indígenas e a representantes de instituições convidadas.
O Kuarup ocorre aproximadamente um ano após o falecimento de parentes indígenas. Durante essa celebração, troncos ornamentados e esculpidos em madeira são posicionados no centro das aldeias, representando os entes queridos falecidos. A cerimônia se estende por dois dias, sendo que o primeiro dia é dedicado à pintura dos troncos e à representação dos familiares em luto, bem como à recepção de convidados de outras etnias.
Esse ritual é caracterizado por danças, música, cantos sagrados e preces.
No segundo dia, ocorre uma luta tradicional entre os guerreiros, que se preparam desde a noite anterior. Ao término da luta, os adornos são retirados dos troncos e entregues às famílias enlutadas. As toras de madeira são então lançadas ao rio, simbolizando a liberação das almas dos falecidos.
A tradição inclui também um rito de passagem para as jovens moças. Durante um ano, elas ficam reclusas e aparecem com franjas de cabelo cobrindo o rosto. Elas se dirigem aos líderes das aldeias e oferecem alimentos. As franjas são cortadas, marcando sua prontidão para o matrimônio.
Ao final da cerimônia, os indígenas compartilham alimentos à base de peixes com os convidados, em um gesto de gratidão e união.