Cuiabá , MT -
-
|
|||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
|
|||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Um relatório apresentado pela consultoria Ernst & Young (EY) confirmou oficialmente a dívida bilionária do Corinthians e apontou caminhos para tentar reverter o cenário financeiro crítico do clube. Entre as medidas sugeridas, está a possibilidade de recuperação judicial, considerada uma alternativa viável diante da gravidade da situação.
A reunião que revelou as conclusões ocorreu no Parque São Jorge, na última segunda-feira, com a presença do presidente Osmar Stabile e diretores. A EY foi contratada ainda na gestão de Augusto Melo, mas os relatórios só foram entregues agora porque os pagamentos haviam sido regularizados pela atual diretoria.
O documento financeiro confirma um endividamento de R$ 2,2 bilhões (valor referente a junho de 2024), que atualmente já se aproxima de R$ 2,7 bilhões. Mesmo assim, o estudo indica um potencial de otimização de até R$ 84 milhões por ano, distribuídos em oito frentes de atuação que envolvem redução de custos e aumento de receita.
Com a adoção dessas medidas, o Corinthians poderia reduzir a relação entre dívida e geração de caixa de 12 para 7, o que representaria uma melhora significativa. Porém, o relatório também recomenda que o clube mantenha o Regime Centralizado de Execuções (RCE) ou avalie a adoção de um plano de recuperação extrajudicial ou judicial, para reorganizar suas finanças de forma mais profunda.
Atualmente, o RCE do Corinthians totaliza R$ 367 milhões em dívidas, sendo R$ 190 milhões já em processos de execução judicial. Segundo a EY, o cenário é preocupante a ponto de o clube ter perdido a capacidade de honrar compromissos a partir de setembro de 2024 — situação que culminou com o transfer ban imposto em agosto, impedindo o registro de novos atletas.
Além da análise financeira, a EY também avaliou sete contratos considerados prejudiciais ao clube. Um dos exemplos citados é o acordo de fornecimento de bebidas e alimentos da Neo Química Arena, renovado até 2030, mesmo tendo validade original até 2025. Com a possível liberação da venda de bebidas alcoólicas em estádios paulistas, o contrato pode se mostrar especialmente desvantajoso, já que o potencial de novas receitas não está previsto.
Outro caso envolve o contrato de estacionamento com a empresa Indigo, firmado em 2018 e válido até 2028. O acordo prevê um faturamento mínimo mensal para repasse ao clube; caso o valor não seja atingido, o déficit é acumulado, dificultando ainda mais o pagamento. Durante a pandemia, a queda de público tornou o contrato praticamente inviável, e o Corinthians não tem recebido nada desde então. A atual diretoria já busca uma nova administradora para o setor e estuda meios legais para encerrar o vínculo com a Indigo.
Na checagem de antecedentes empresariais (“background check”), a EY afirmou não ter identificado pessoas ligadas ao clube como beneficiárias das empresas analisadas.
Em nota oficial, o Corinthians declarou:
“O Sport Club Corinthians Paulista informa que recebeu na tarde desta segunda-feira (20) executivos da EY para apresentação do relatório de resultado da consultoria contratada pela gestão anterior no início de 2024.
Tal relatório corrobora a situação financeira do clube, sem apresentar fatos novos que a atual diretoria já não esteja tomando providências.
O Corinthians ressalta que os contratos analisados são protegidos por cláusula de sigilo e confidencialidade, assim como o contrato de consultoria da EY.”
O diagnóstico confirma o tamanho do desafio enfrentado pela nova administração, que tenta equilibrar as contas e recuperar a credibilidade do clube dentro e fora de campo.