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A situação é reflexo da incapacidade do ex-presidente Aron Dresch em conduzir um processo eleitoral dentro dos prazos e de acordo com o estatuto da entidade, deixando o futebol estadual sem direção clara
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Crédito: Divulgação
O futebol mato-grossense vive um momento de crise sem precedentes. Pela primeira vez em quase 50 anos, a Federação Mato-grossense de Futebol (FMF) voltou a ter um interventor. A situação é reflexo da incapacidade do ex-presidente Aron Dresch em conduzir um processo eleitoral dentro dos prazos e de acordo com o estatuto da entidade, deixando o futebol estadual sem direção clara.
Desde então, a FMF está sob intervenção há quase três meses. Inicialmente, o advogado Thiago Dayan assumiu o cargo, seguido por Luciano Hocsman, atual presidente da Federação Gaúcha de Futebol.
A eleição, que deveria ocorrer até 12 de abril, foi marcada apenas em 3 de maio, com diversas irregularidades que levaram o caso à Justiça. O Ministério Público também abriu uma ação civil pública por inconsistências na gestão e no processo eleitoral. A posse do novo presidente, prevista para 26 de maio, não ocorreu, resultando na nomeação de interventores pela CBF — algo que não acontecia desde 1976, quando Carlos Orione assumiu e ficou quase 40 anos no cargo.
Sob o comando de Hocsman, a FMF anunciou a intenção de realizar nova eleição, mas enfrenta entraves jurídicos e dificuldades para divulgar o edital da Assembleia Geral Eletiva. Dorileo Leal, candidato da disputa anterior, aguarda a publicação do edital para organizar nova chapa, enquanto Aron tenta manter o processo anterior. A situação se complica com candidatos que se dizem representantes da CBF e outros que se intitulam “terceira via”, incluindo ex-diretor e braço direito de Dresch.
Hocsman, em entrevista recente, afirmou que “não tem a caneta” para decidir a data da eleição, prolongando a indefinição. Enquanto isso, os clubes sofrem com atrasos e cancelamentos: a segunda divisão estadual precisou ser adiada, o Campeonato Sub-20 também, e ainda faltam ser realizados o Mato-grossense Feminino e os campeonatos Sub-11, Sub-13, Sub-15 e Sub-17. A Copa FMF já havia sido cancelada pela antiga gestão.
O futebol do estado foi deixado de lado, prejudicando o desenvolvimento esportivo. É urgente que a gestão retorne ao caminho democrático, com eleições transparentes, permitindo que os clubes tenham voz e definam o futuro do futebol mato-grossense.
Olímpio Vasconcelos é jornalista formado pela UFMT, com 13 anos de experiência no jornalismo esportivo. Atuou como editor do Globo Esporte MT, comentarista de futebol e repórter do ge.globo, PNB Online e Olhar Esportivo, além de assessor de imprensa de Mixto, Operário VG e Dom Bosco. Atualmente é editor-chefe da Rádio Capital FM e Capital Notícia e apresenta o bate-bola Cultura na Rádio Cultura de Cuiabá.