Cuiabá , MT -
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O Ministério Público de São Paulo (MP-SP) formalizou nesta semana uma denúncia contra o presidente afastado do Corinthians, Augusto Melo, os ex-dirigentes Marcelo Mariano e Sérgio Moura, além do empresário Alex Cassundé.
Eles são acusados de associação criminosa, furto e lavagem de dinheiro, em investigação que envolve o contrato de patrocínio com a casa de apostas VaideBet.
Outros dois empresários também foram denunciados: Ulisses de Souza Jorge, da UJ Football, e Victor Henrique de Shimada, da Victory Trading, ambos por lavagem de dinheiro. O MP solicita que os acusados indenizem o Corinthians em R$ 40 milhões e que a Justiça determine o bloqueio de bens dos envolvidos, incluindo empresas ligadas ao suposto esquema.
A denúncia é resultado de uma apuração conjunta da Polícia Civil e do MP, iniciada em 2023, que identificou movimentações financeiras suspeitas e repasses a empresas de fachada. O caso agora está nas mãos do Judiciário, que decidirá se aceita ou não a denúncia. Se for aceita, os denunciados se tornam réus em processo criminal.
Segundo os promotores, o prejuízo ao Corinthians foi de R$ 40 milhões. O valor se refere a:
R$ 1,4 milhão pagos à Rede Social Media Design, empresa de Cassundé, pela suposta intermediação com a VaideBet;
Quase R$ 39 milhões de multa pela rescisão antecipada com a antiga patrocinadora, Pixbet, após o novo acordo.
O contrato com a VaideBet foi anunciado no início de 2024, no valor total de R$ 370 milhões por três anos, mas foi encerrado em junho do mesmo ano, após suspeitas de corrupção. A empresa usou uma cláusula anticorrupção para rescindir o contrato quando surgiram indícios de que a comissão havia sido paga de forma irregular.
A investigação revelou que os valores pagos à empresa de Cassundé foram repassados à Neoway Soluções Integradas, considerada de fachada. A companhia está em nome de uma mulher sem ligação com o caso, residente na periferia de Peruíbe (SP).
O dinheiro passou ainda por outras empresas até chegar à UJ Football, de Ulisses Jorge, que teria recebido R$ 1,07 milhão. A Polícia acredita que os recursos foram usados para cobrir despesas da campanha de Augusto Melo à presidência do clube. A UJ também foi citada em outro inquérito por suposta ligação com o PCC, segundo depoimento de um empresário assassinado em 2023.
O empresário Victor Shimada, por sua vez, é sócio da Victory Trading, uma das empresas por onde os valores circularam, supostamente para dificultar o rastreamento.
O advogado de Augusto Melo, Ricardo Jorge, afirmou que a denúncia já era esperada e classificou a peça do MP como “vaga e genérica”, sem clareza sobre a conduta atribuída ao dirigente. Segundo ele, a defesa confia na absolvição ao longo do processo.
A UJ Football declarou estar surpresa com a acusação e repudiou o teor da denúncia, afirmando que o sócio não teve contato com os demais citados e nunca foi chamado para prestar esclarecimentos.
Os ex-diretores Sérgio Moura e Marcelo Mariano também negaram qualquer envolvimento. Suas defesas alegam que os relatórios da Polícia demonstraram que eles não receberam nenhum benefício financeiro e que todas as ações foram legais durante suas gestões no clube.
Apesar de ter sido indiciado anteriormente pela Polícia, o ex-diretor jurídico Yun Ki Lee não foi denunciado pelo Ministério Público. O órgão apontou incertezas sobre sua responsabilidade direta ou negligência nos atos apurados.