Cuiabá , MT -
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O preparador de goleiros do Mixto, Rafael Cruz, denunciou nesta segunda-feira (10) um caso de racismo sofrido durante o empate contra o Goianésia, pelo Campeonato Brasileiro da Série D. O crime ocorreu no Estádio Valdeir José de Oliveira, em Goiás, e resultou na detenção em flagrante de um torcedor adversário.
Por meio das redes sociais, Rafael publicou uma nota oficial repudiando o episódio. Ele classificou o ato como uma agressão não apenas pessoal, mas contra todos que enfrentam o racismo no dia a dia:
“É mais do que uma ofensa individual, é uma violência contra todos que lutam por respeito, dignidade e igualdade. Um ataque à minha identidade e à minha trajetória”, escreveu.
De acordo com a súmula do árbitro Wasley do Couto Leão, o torcedor do Goianésia começou a hostilizar a médica do Mixto, e Rafael Cruz interveio pedindo respeito. Foi então que o torcedor proferiu uma injúria racial contra ele, dizendo: "sai daqui, seu preto".
A Polícia Militar foi chamada e o agressor foi identificado, preso em flagrante e encaminhado à delegacia para registro do boletim de ocorrência. O Goianésia informou que o torcedor foi imediatamente excluído do quadro de sócios e está proibido de frequentar os jogos da equipe.
O Mixto Esporte Clube e o Goianésia prestaram solidariedade a Rafael Cruz e à profissional de saúde ofendida. O caso reforça a importância da luta contra o racismo no futebol brasileiro.
Veja a nota de Rafael Cruz
Nota de Repúdio – Rafael Cruz
Ontem, durante a partida entre o Mixto Esporte Clube e o Goianésia, válida pelo Campeonato Brasileiro Série D, fui alvo de um ato covarde, criminoso e inaceitável de injúria racial, cometido por um torcedor da equipe adversária. Este tipo de comportamento não pode mais ser tolerado no futebol, nem em nenhum outro espaço da nossa sociedade.
O racismo é uma ferida aberta que continua sendo alimentada por atitudes desprezíveis como essa. É mais que uma ofensa individual é uma violência contra todos os que lutam por respeito, dignidade e igualdade. É um ataque à minha identidade, à minha trajetória e à de tantos profissionais negros que seguem enfrentando esse tipo de preconceito diariamente.
Sinto-me profundamente indignado, entristecido e revoltado. Como profissional do futebol, como ser humano e como cidadão, repudio com todas as forças esse ato de racismo. O esporte deveria ser um espaço de união, superação e respeito nunca um palco para ódio e discriminação.
Racismo é crime, e não pode ser silenciado ou relativizado. Seguiremos denunciando, resistindo e cobrando punições exemplares. Não aceitaremos mais o silêncio, a omissão ou a conivência.
Quero também registrar meus sinceros agradecimentos:
À diretoria do Mixto Esporte Clube, que me deu total apoio desde o primeiro momento;
À comissão técnica, jogadores e staff, que estiveram ao meu lado com solidariedade e firmeza;
À diretoria do Goianésia Esporte Clube, que demonstrou respeito e repudiou o ocorrido;
E ao delegado da Polícia Civil de Goianésia, Dr. Marcos, pelo acolhimento sério, ágil e comprometido com a justiça.
Sigo de cabeça erguida, com a certeza de que não estou sozinho nessa luta. Continuarei firme, trabalhando com dignidade e levantando a voz contra qualquer forma de racismo. Porque calar diante disso jamais será uma opção.
Rafael Cruz
Preparador de Goleiros – Mixto Esporte Clube.