Cuiabá , MT -
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A eleição para a presidência da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) foi oficialmente convocada nesta sexta-feira (17) e está marcada para o próximo dia 25. O movimento acelera as articulações nos bastidores e pode resultar em algo raro: uma eleição com disputa direta, fato que não ocorre desde 1989. Desde então, todos os presidentes da entidade foram eleitos por aclamação, em chapas únicas.
Dois grupos começam a se formar. De um lado, um bloco de 19 federações estaduais lançou um manifesto público na última quinta-feira para defender a unidade entre elas e apresentar um nome à presidência. Entre os cotados está Samir Xaud, presidente da Federação de Roraima. Embora venha de um estado com pouca tradição no futebol nacional, Xaud conta com a confiança de seus pares e tenta viabilizar sua candidatura.
Outros dirigentes que também surgem como possibilidades nesse bloco são Felipe Feijó, da Federação Alagoana — filho do ex-vice da CBF, Gustavo Feijó — e Ricardo Gluck Paul, da Federação Paraense. As negociações seguem intensas para que o grupo defina um nome de consenso nos próximos dias, e há tratativas para atrair mais três federações. Apesar da coesão, o bloco já teve sua primeira baixa: a Federação do Mato Grosso do Sul anunciou nesta sexta-feira que seguirá caminho independente.
Do outro lado, surge a figura de Reinaldo Carneiro Bastos, presidente da Federação Paulista de Futebol. Reinaldo conta com o apoio de sete federações que não assinaram o manifesto das 19: Bahia, Pernambuco, Espírito Santo, Minas Gerais, Tocantins, Amapá e Mato Grosso. Ele também aposta em conquistar a confiança dos clubes das Séries A e B, especialmente os insatisfeitos com os recentes impasses jurídicos na CBF.
Reinaldo já havia se posicionado como pré-candidato durante a crise institucional que afastou temporariamente Ednaldo Rodrigues da presidência no fim de 2023. Na ocasião, ele formava uma dupla com o ex-presidente do STJD, Flávio Zveiter, mas a movimentação perdeu força após a volta de Ednaldo ao cargo, em janeiro deste ano.
Fernando Sarney convoca eleição e nega interesse em concorrer
Atual interventor da CBF, Fernando Sarney descartou qualquer intenção de disputar a eleição. Em sua primeira visita oficial à sede da entidade, Sarney se reuniu com funcionários e dirigentes, reforçou o caráter temporário de sua gestão e anunciou a convocação formal da eleição. Ele também recebeu representantes de oito federações estaduais nesta sexta-feira.
O pleito será realizado conforme o estatuto da CBF, que determina um colégio eleitoral formado por 27 federações estaduais (com peso 3 no voto), 20 clubes da Série A (peso 2) e 20 clubes da Série B (peso 1), somando um total de 141 votos. O bloco das 19 federações já inicia a corrida com 57 votos, caso mantenha sua unidade até o dia da votação.
Clubes também se mobilizam e avaliam cenários
Enquanto as federações articulam suas candidaturas, os clubes acompanham de perto e também se organizam. A Liga Forte União fará uma reunião neste sábado (18), no Rio de Janeiro. Já os integrantes da Libra se reuniram nesta sexta-feira e também discutiram o cenário da eleição.
O prazo para inscrição de chapas vai até a próxima terça-feira (21), e cada uma precisa do apoio formal de, pelo menos, quatro clubes e quatro federações. Há ainda a expectativa de que um nome de consenso possa emergir nos bastidores para evitar a polarização.
Enquanto isso, Ednaldo Rodrigues, afastado da presidência por decisão judicial, tenta reverter sua situação no Supremo Tribunal Federal (STF). Ele ingressou com recurso nesta quinta-feira (16), e o STF deve julgar no próximo dia 28 de maio a ação que questiona a validade do acordo firmado entre a CBF e o Ministério Público do Rio de Janeiro, que resultou em seu retorno anterior ao cargo.
Com o prazo apertado e as movimentações ganhando força, a eleição na CBF promete ser a mais disputada dos últimos tempos e pode marcar uma nova fase na gestão do futebol brasileiro.