Cuiabá , MT -
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Embora muitos acreditem que a prática esportiva amadora seja menos exigente, a realidade é que a ausência de cuidados adequados pode tornar esses praticantes mais vulneráveis a lesões do que os próprios atletas profissionais. Segundo o fisioterapeuta Cícero Júnior, da Associação Atlética Anapolina, o principal problema está na falta de planejamento, orientação técnica e respeito aos limites do corpo.
“Os amadores costumam treinar de forma desorganizada, ignoram sinais claros de fadiga e executam movimentos de forma incorreta, sem supervisão. Isso gera sobrecargas desnecessárias que, com o tempo, evoluem para lesões”, afirma o especialista. Esportes como o futebol e a corrida de rua, por exemplo, exigem condicionamento físico e técnica — fatores que muitas vezes são negligenciados por quem pratica apenas de forma recreativa.
Um dos erros mais comuns, segundo Cícero, é ignorar os próprios limites. A insistência em manter uma rotina intensa sem descanso adequado eleva significativamente o risco de lesões musculares e articulares. “Eles se sobrecarregam, geram fadiga e continuam treinando. Isso vai inevitavelmente resultar em lesão”, reforça.
Outro ponto frequentemente esquecido é o aquecimento antes das atividades. Cícero destaca que essa etapa é essencial para preparar músculos e articulações para o esforço. “Estudos mostram que o aquecimento pode reduzir em até 50% o risco de lesões. Ele ativa o corpo e o deixa pronto para o exercício. Pular essa etapa é um erro grave”, explica.
A recomendação do fisioterapeuta inclui a adoção de aquecimentos e alongamentos dinâmicos no pré-treino, além de exercícios de fortalecimento muscular voltados especialmente para o core, quadríceps, isquiotibiais, glúteos e panturrilhas. Segundo ele, essa é a base para prevenir lesões e melhorar o desempenho físico. “A técnica correta também precisa ser trabalhada, e o tempo de recuperação respeitado. Sem descanso, o corpo não consegue se regenerar”, alerta.
Além disso, ele aponta a importância da hidratação e da qualidade do sono como fatores decisivos. “O sono é crucial para a recuperação muscular. Dormir mal compromete todo o processo de adaptação ao exercício físico”, destaca.
Cícero também orienta sobre o uso correto dos alongamentos. O ideal, segundo ele, é priorizar os dinâmicos antes do treino, que ativam o corpo em movimento. Já os alongamentos estáticos devem ser reservados para o pós-treino, ajudando na flexibilidade e na redução das tensões musculares.
O fortalecimento muscular é, para ele, uma ferramenta indispensável na prevenção de lesões. “Músculos fortalecidos estabilizam as articulações, absorvem melhor os impactos e reduzem o risco de sobrecarga. O core estabiliza o tronco, os quadríceps protegem os joelhos e as panturrilhas evitam entorses”, exemplifica.
Sobre os sinais de alerta que não devem ser ignorados, o fisioterapeuta é claro: dores agudas, localizadas, persistentes ou que dificultam movimentos simples são motivo para buscar atendimento médico. “Se a dor é forte no joelho, tornozelo ou coluna, não espere. Pode ser algo sério”, orienta.
Por fim, ele diferencia o incômodo natural do esforço físico da dor que indica lesão. A primeira tende a ser difusa e passageira, enquanto a segunda é localizada e aumenta com o movimento. “Um exemplo típico é o estiramento de isquiotibiais em quem faz sprints. A dor surge de imediato e costuma indicar um problema mais grave”, conclui.