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Cuiabá , MT - -


Com dificuldades internas e queda para a Série B, Cuiabá tenta levantar R$ 20 milhões

Com poucas dívidas, clube busca recursos para manter fluxo operacional após ter feito investimentos

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   Data: 26/03/2025 - Por: Da Redação

Após o rebaixamento para a Série B do Campeonato Brasileiro, o Cuiabá Esporte Clube, por meio de sua Sociedade Anônima do Futebol (SAF), iniciou uma captação de R$ 20 milhões no mercado financeiro. A estratégia envolve a emissão de debêntures-fut, visando reforçar o fluxo de caixa e manter a estabilidade financeira após investimentos significativos em infraestrutura nos últimos anos.

As debêntures são títulos de dívida que permitem às empresas captar recursos fora do sistema bancário para expandir operações, financiar projetos ou refinanciar passivos. No caso do Cuiabá, os investidores que adquirirem os papéis emprestarão dinheiro ao clube em troca de uma remuneração atrelada ao CDI, com duas opções: CDI + 5% e CDI + 7%. Os títulos terão prazo de 24 meses para vencimento e um período de captação de 180 dias, sendo distribuídos exclusivamente para investidores qualificados pela Lastro.

Investimentos e impacto do rebaixamento

Desde sua ascensão à Série A em 2021, o Cuiabá experimentou um expressivo crescimento financeiro. Em 2020, o clube registrava uma receita bruta de R$ 22,8 milhões, enquanto em 2024 esse valor saltou para R$ 168,5 milhões. No entanto, a queda para a segunda divisão reduziu a arrecadação em cerca de 50%, exigindo ajustes na gestão financeira.

Segundo o presidente do clube, Cristiano Dresch, um dos principais investimentos nos últimos anos foi a construção do centro de treinamento, que recebeu um aporte superior a R$ 40 milhões. Avaliado em R$ 50 milhões pela agência S&P, o CT foi oferecido como garantia na emissão das debêntures.

“O recurso captado será direcionado para garantir a estabilidade do fluxo de caixa do clube, permitindo continuidade nas operações sem comprometer o planejamento estratégico”, explicou Rodrigo Santos, representante do Semear Banco de Investimentos, responsável pela estruturação da operação.

Cuiabá se aproxima do mercado financeiro

Além de suprir necessidades financeiras imediatas, a iniciativa marca o primeiro grande passo do Cuiabá no mercado de capitais. O clube se torna a segunda equipe brasileira a emitir debêntures-fut, modalidade regulamentada pela Lei da SAF, seguindo os passos do Atlético-MG, que lançou sua própria captação em 2024.

As debêntures-fut possuem regras semelhantes às tradicionais, mas com a possibilidade de remuneração variável atrelada ao desempenho esportivo e um prazo mínimo de 24 meses até o vencimento. No caso do Cuiabá, os papéis emitidos não contarão com essa bonificação extra.

Dívida zerada e créditos a receber

Apesar da queda para a Série B, o Cuiabá mantém uma situação financeira controlada. Segundo levantamento da consultoria Sports Value, o clube encerrou 2023 sem dívidas relevantes, ao lado de Athletico-PR e Goiás. O balanço oficial do Dourado aponta apenas R$ 841 mil em empréstimos e financiamentos, com juros variando de 0,99% a 12,12% ao ano.

O presidente Cristiano Dresch também destacou valores pendentes a receber de outros clubes. Corinthians, Santos e Atlético-MG, por exemplo, ainda devem ao Cuiabá cerca de R$ 34 milhões referentes à compra de jogadores – um montante superior aos R$ 20 milhões que o clube busca captar no mercado.

Embora o balanço de 2024 ainda não tenha sido divulgado, o Cuiabá continuará contando com receitas da temporada anterior na Série A, além de possíveis entradas com a venda de atletas, reforçando sua estabilidade financeira para os desafios da segunda divisão.